Aos desejos e vontade, ao ser que se diz humano. Que escraviza e multiplica essa dor de não se conter em si. Sofro, sofro e sofro muito. Não me pertenço, pela lei, sou de outro alguém, por isso surto, enlouqueço, prefiro me virar do avesso do que permanecer em mim. Não pertenço, pertencer, não existe esse verbo dentro de mim, sou livre, me fiz livre, e em liberdade sou. Em liberdade sou minha, em liberdade posso falar, posso gritar, posso dizer aonde dói e posso dizer não. E eu digo não, não aos que querem me pertencer, que querem me fazer escrava dessa querer. E direi aos ouvidos mais surdos o que é a dor de ter que se esconder atrás de um nome, a dor de se esconder em palavras e sofrer esse assalto humano, que me invade e me incapacita de ser quem sou. Eu só quero sair, só quero viver, quero deixar aquilo que é vivo me invadir. Não quero que meu mundo seja mais violentado por memorias e lembranças, quero viver só, quero viver com a capacidade de ser humana. De falar, comunicar e proteger com a própria vida aos que sofrem essa agonia. Quero ser meu próprio amo.
- Aurora
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